Literatura e Sociedade n.20 (2015)

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A Revista Literatura e Sociedade está disponível online no Portal de Revistas da USP. Confira o conteúdo completo deste número, acessando nossa página: http://www.revistas.usp.br/ls/issue/view/8159

 

Editorial

Este vigésimo número da revista Literatura e sociedade oferece ao leitor um conjunto de artigos inéditos sobre José Lins do Rego, poesia brasileira contemporânea, Wlademir Dias-Pino, Guimarães Rosa e a teoria do conto em Edgar Allan Poe, além do dossiê “Figuras do estranhamento”, resultado de colóquios organizados nos últimos anos nas universidades de São Paulo e de Poitiers.

Abrindo o número, o ensaio “Entre a casa-grande e o mocambo: O Moleque Ricardo no ciclo da cana-de-açúcar de José Lins do Rego”, escrito por Paula Maciel Barbosa, volta ao romance de 1935 para reivindicar a unidade das cinco obras do ciclo da cana-de-açúcar de Lins do Rego. Em sua leitura, a autora primeiro ressalta a importância do trabalho, tema central do romance e de debates que ocupavam o país no período, para então destacar o ponto de vista ambíguo da narração, que alterna movimentos de aproximação  e distanciamento dos personagens trabalhadores. Em seguida, em “Opressão, opacidade e transparência: imagens do ar na poesia brasileira moderna e contemporânea”, Betina Bischof retoma o estudo da poesia de Drummond, tema de seu livro Razão da recusa, desta vez em leitura que se concentra num conjunto de temas – o ar, a névoa, o céu, a lua – e a partir deles dialoga com obras poéticas contemporâneas (de Chico Alvim, Rubens Rodrigues Torres Filho e Claudia Roquette-Pinto) e com a pintura de Guignard. O objetivo do texto será desvelar e entender como essas obras incorporam a experiência social da história brasileira recente. Mantendo o foco na poesia, bem como o diálogo com as artes plásticas, Vinícius Carvalho Pereira e Célia Maria Domingues da Rocha Reis escrevem sobre “Sinuosidades e ranhaduras na poética de Wlademir Dias-Pino”, onde se debruçam sobre o insuficientemente estudado poeta e artista plástico carioca, residente por muito tempo em Mato Grosso. Através do que definem como uma “hermenêutica dos sentidos”, iluminam a matéria da poética de Wlademir Dias-Pino a partir da figura da linha, elemento ambíguo que permite que as coisas surjam diante da percepção.

Adélia Bezerra de Meneses percorre diversos gêneros artítisicos e tradições literárias em sua leitura comparada de “Partida do audaz navegante”, de Guimarães Rosa, com destaque para a apropriação particular que o conto faz da Odisseia, lida como matriz dos romances de aventuras e de amor. Nesse processo de incorporação artística, que inclui os procedimentos de miniaturização, estranhamento e carnavalização, o ensaio vislumbrará ainda uma relação possível com o brincar infantil. Fecha a seção de ensaios o artigo “Procedimento construtivo e tratamento dos meios expressivos: concepções sobre o conto em Edgar Allan Poe a partir da leitura crítica de Nathaniel Hawthorne” de Charles Kiefer. No texto, as resenhas que Poe faz de Hawthorne, escritores lidos como polos de um par dialético, são o ponto de partida para a elaboração de uma poética do conto, lida através das noções de eixo dos procedimentos construtivos e eixo dos meios expressivos que o artigo extrai do formalismo russo.

Ancorando este número da revista está o dossiê “Figuras do estranhamento”, organizado por Cleusa Rios P. Passos, Michel Riaudel e Yudith Rosenbaum. Os oito textos que compõem o dossiê, escritos por João Adolfo Hansen, Adriana Cristina Crolla, Clara Rowland, Cleusa Rios P. Passos, Françoise Dubor, Pedro Serra, Yudith Rosenbaum e Michel Riaudel, são apresentados pelos organizadores em texto que antecede o dossiê e ao qual encaminhamos o leitor.

 

Comissão Editorial