Literatura e Sociedade n.23 (2016)

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EDITORIAL

http://dx.doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i23p6-7

 

Este número de Literatura e Sociedade, o segundo de 2016, marca os vinte anos de existência da revista do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada publicada continuamente desde 1996.

Oferecendo ao leitor um quadro da produção acadêmica recente, a seção Ensaios se compõe de oito artigos que indiciam a multiplicidade de interesses e abordagens críticas nos estudos literários atuais. Tal diversidade se faz sentir tanto nos vários gêneros discursivos estudados (sermão, lírica, conto, romance, tradução) quanto nas diferentes questões teóricas que nucleiam os artigos (subjetividade lírica, trauma e memória, fantasia, poder, relações de gênero, interpretação literária).

A seção se abre com estudo de Marcelo Lachat sobre três sermões do Padre Antônio Vieira, em que se focaliza a concepção estoico-cristã da arte de morrer e suas relações com filósofos antigos, em particular Sêneca. O artigo seguinte, de Abrahão Costa Andrade, investiga a noção de subjetividade no âmbito da lírica, centrando-se em três momentos históricos a que correspondem a poesia de Safo (“Ode a Afrodite”), Baudelaire (“L’albatros”) e Carlos Drummond de Andrade (“Confissão”). Já o estudo de Sílvia Nauroski Irrgang se volta para a relação entre memória e história configurada na poesia, analisando a violência e o trauma no Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles e nos “Poemas do holocausto” da poeta judia de expressão alemã Rose Ausländer. Em seguida, Klaus Eggensperger analisa o conto “A menininha dos fósforos”, de Hans Christian Andersen, discutindo a linguagem pictural e a fantasia a partir de uma perspectiva psicanalítica. No artigo de Dionei Mathias, o foco são as relações de poder no âmbito da família e das interações sociais, a partir do romance A Pianista, da escritora autríaca Elfriede Jelinek. Em seu trabalho, Felipe dos Santos Matias discute a representação do sujeito feminino em Dom Casmurro, de Machado de Assis, Lolita, de Vladimir Nabokov, e La nada cotidiana, de Zoé Valdés. Voltando-se para o esclarecimento de questões bibliográficas, Pablo Iglesias Magalhães apresenta uma investigação sobre as traduções para o português da novela Atala, de Chateaubriand, publicadas no século XIX. Por fim, Ligia Gonçalves Diniz, em seu artigo, reflete sobre a interpretação literária, sobretudo no contexto do ensino, a partir de aportes teóricos de Luiz Costa Lima, Hans Ulrich Gumbrecht e Paul Ricoeur.

Este número da revista se completa com o Dossiê temático “Literatura e memória: a escrita do trauma histórico”, que reúne cinco comunicações apresentadas num colóquio realizado em abril de 2016 no âmbito das atividades promovidas pelo Projeto Mémoire et Littérature, projeto internacional e interdisciplinar de pesquisa e de colaboração acadêmica entre a Universidade de São Paulo e as Universidades de Lyon. O dossiê é composto de artigos escritos pelos pesquisadores Tiago Guilherme Pinheiro, Horácio Gutiérrez, Ardriana Kanzepolsky, Paulo Cesar Endo e Marcos Napolitano, e é precedido de um texto de apresentação assinado por Ana Paula Pacheco e Andrea Saad Hossne, professoras do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, ao qual remetemos o leitor.

 

 

 

Anderson Gonçalves da Silva

Edu Teruki Otsuka

Eduardo Vieira Martins

Comissão Editorial da Revista Literatura e Sociedade